Nesta semana, fiz algumas reflexões sobre a morte. Mas não essas comumente propagadas quando alguém “importante” morre. O comum é exaltar o carpe diem. “A vida é breve, aproveite o dia”. Essa mensagem pode ser entendida precipitadamente como uma busca voraz e viciante pelos prazeres, ao mesmo tempo que se busca fuga da dor. Comer demais, se drogar com álcool ou outra coisa, sexo, consumismo ou gastar a cada desejo, vício em telas, Instagram, etc. Ao mesmo tempo fugir de buscar uma vida sólida, com propósito. Para que, né? Se a morte está à espreita? “Vamos viver de putaria”.
Acontece que essa busca por prazer e fuga da dor é efêmera. Isso nunca preencheu o nosso vazio existencial. Quanto mais buscamos prazer em comida, sexo, álcool e outras experiências irresponsáveis, mais vamos querer buscar essas mesmas coisas. É o vício pela dopamina e do que dispara ela. Entramos em um ciclo que, no fim, percebemos que não leva a nada sólido e fica o vazio, a ressaca após os deleites. Por outro lado, fugir da dor da disciplina, da consistência, da lealdade, da fidelidade, do amor e cair na preguiça e covardia nos impulsiona para esses desejos frívolos, para uma espiral animalesca e muito abaixo da nossa capacidade.
Além da busca por prazer e fuga da dor, há a busca por fama: ser visto, fazer as pessoas gostarem de nós, nos considerarem importante; será que quando postamos uma imagem no Instagram não é isso que estamos buscando? Mas ser famoso não é o mesmo que ser o melhor no que fazemos ou somos; é colocar a felicidade nas mãos dos outros. Outro ponto é a busca por riquezas e coisas; acho que a maioria sabe que dinheiro nunca foi o objetivo na vida para ser feliz, né? Dinheiro é só o meio, já dizia O Filósofo. Por ele realizamos sonhos, garantimos segurança e ajudamos outras pessoas. Precisamos de dinheiro? Com certeza. Precisamos de dinheiro em demasia? Talvez não. Podemos desejar, mas não precisamos em demasia. A demasia pode até nos desviar do nosso propósito e voltar à busca por prazer e fuga da dor, como acontece com diversos artistas e pessoas que vivem ganham muito dinheiro apenas para, por fim, descobrirem o vazio existencial.
Mas vamos ao que interessa; você já passou por uma experiência de quase morte? Já sentiu que ia morrer nos próximos minutos? Se não, tente imaginar isso agora. Imagine agora que você está em um avião e ele está caindo a toda velocidade e você está prestes a morrer; nesse instante, de tudo que você acredita sobre a vida e como vivê-la, o que permanece? E o que surge? O que muda nas suas crenças? O que você descobre em termos de como deveria viver a vida? Você sente que viveu pelo seu Propósito? Você sente que Deus te colocou nesse país, nessa cidade, nesse ano com algum propósito? Ou sente que viveu pelos motivos errados, enganando a si próprio e fugindo até quando não pôde mais?
Sem a morte poderíamos fazer qualquer coisa; só sabemos nossa missão na vida sob o filtro da morte. Ela nos direciona para o nosso propósito e realmente não temos tempo a perder. Sem esse filtro, buscamos coisas sem sentido profundo, que não nos conecta com a eternidade.
A busca pela felicidade não leva à felicidade; leva a exageros ou a escassez (vícios). A felicidade é consequência das virtudes. As virtudes estão no equilíbrio: coragem sem prudência é inconsequência, falta de coragem é covardia; falta de amor é egoísmo ( o que mais vemos por aí ), excesso de amor é permissividade ( a maioria dos pais de hoje em dia ); excesso de respeito é idolatria ( você idolatra políticos ou defende ideias? ), falta de humildade é arrogância, excesso de humildade é auto degradação; falta de empenho é preguiça, excesso de empenho é workaholic; falta de temperança é licenciosidade ( a depravação que vemos hoje em dia ), excesso de temperança é rigidez; falta de liberalidade é avareza, excesso de liberalidade é esbanjar, desperdiçar; e por aí vai..
Vício é menos, vício é mais. A virtude é o meio.
Por uma vida com propósito e virtude!