O mundo atual encontra-se em um profundo caos político, social e espiritual. Nunca se viu sociedades tão materialistas como as sociedades modernas, realidade que colocou a humanidade em queda livre, criando uma decadência moral muito profunda. E isso se deve ao ateísmo contemporâneo, que, segundo Cornélio Fabro ( filósofo, religioso estigmático e sacerdote italiano), se destaca de qualquer outro ateísmo da história por possuir três fatores cruciais: Imediatismo, universalidade e construtividade/positividade.
O primeiro fator, o imediatismo, se dá pelo fato de que o ateísmo moderno se tornou um ponto de partida, um princípio e não mais um ponto de chegada como em outros períodos da história. O ateísmo não é mais uma conclusão teórica, mas uma premissa que direciona e fundamenta todos os juízos e ações. O imediatismo do ateísmo é evidente em todos os setores da sociedade e da humanidade, não se pode incluir Deus em nada, por exemplo: para se fazer ciência é preciso partir da premissa de que Deus não existe, de que é uma hipótese anticientífica, para se fazer política e Direito não se pode incluir Deus, pois Deus também é considerado irracional do ponto de vista político e jurídico moderno, do mesmo modo na arte, na cultura, no dia-a-dia, incluir a Deus é como incluir um fantasma, uma mitologia. Cornélio Fabro diz nesse sentido que: “A ausência de Deus constitui o terreno a partir do qual o homem (moderno) se move e sobre a qual toda atividade social é realizada.”.
O segundo fator é a universalidade do ateísmo contemporâneo, o ateísmo moderno é regra de vida, é a maioria esmagadora na vida das pessoas, a maioria dos homens modernos são ateístas práticos, há quem possa responder com os dados e estatísticas de que há bilhões de cristãos no mundo, mas nesse sentido Cornélio Fabro responde:
“Nada mais falso nesse sentido do que as estatísticas oficiais: o maioria pode continuar se declarando de uma ou outra denominação cristã, desde que continue ignorando silenciosamente a doutrina e negligenciando os deveres sagrados mais elementares como oração e atos fundamentais de adoração” (Genesis del Ateísmo Contemporâneo, p.22)
Essa é uma realidade que hoje pode ser comprovada através das próprias estatísticas, o Brasil possui mais de 123 milhões de católicos declarados segundo o IBGE, porém desses, apenas 8% frequenta a missa, dessa pequena porcentagem que frequenta a missa não sabemos quantos de fato põem em prática e vivem de fato a fé católica, em outros países, Albânia, Croácia e Espanha, a frequência na missa é de 27%, a Itália possui apenas 34%, a maioria esmagadora apresenta uma baixíssima frequência. (Dados são do CPAA – Centro de Pesquisa Aplicada ao Apostolado). Recordemos que a frequência na missa é um fator mínimo para a religião católica, é uma das regras de fé mais básicas para de fato se ter uma vida católica, se houvesse como criar uma estatística de quantas pessoas vivem a fé católica no seu dia a dia, no seu trabalho e na sua vida é dedutível que o número seria ainda menor.
O último fator apontado por Cornélio Fabro acerca do ateísmo contemporâneo é a construtividade/positividade, isto é, o ateísmo contemporâneo distingue-se das outras formas históricas de ateísmo por ser ativo na sociedade, bem-visto, uma prática social que se mistura com a própria forma de vida da sociedade moderna. Não é mais uma crença obscura, uma elucubração teórica, se não uma realidade que “vive e opera sob a luz do sol”.
Bem, podemos inferir que o ateísmo é uma realidade social, política, cultural e jurídica na vida do homem moderno, mas como isso pôde acontecer? Como Deus pôde ser expulso da sociedade, da política, do Direito, da cultura e até da religião? Como todos os homens se tornaram ateus práticos, até mesmo os religiosos? A resposta é: Porque Cristo foi destronado do seu trono.
A única resposta e solução viável para a humanidade é o reinado social de Cristo, Cristo foi destronado da política e do Direito a partir da apostasia das nações (Fenômeno que começou a ocorrer no século XIV, se estendeu através da revolução francesa e inglesa e praticamente concluiu seu processo no séc. XIX), Cristo foi destronado da religião a partir da revolução protestante onde a autoridade de sua Igreja foi atacada, Cristo foi destronado da arte a partir do renascentismo até o modernismo artístico, Cristo foi destronado da ciência e da filosofia a partir do nominalismo e do iluminismo, por fim, Cristo foi destronado das sociedades e dos corações dos homens.
A resposta para toda essa crise é simples: Cristo deve reinar, deve reinar em nossos corações, deve reinar em nosso dia-a-dia, deve reinar em nossa sociedade, deve reinar em tudo, pois Ele é Rei e tudo Lhe pertence.